Itinerários - Arte passeia pela cidade
Trânsito lento, sinal vermelho ou engarrafamento. Impossível não olhar a traseira dos ônibus e observar a propaganda ocupando metade ou até mesmo toda a lataria e vidros do veículo. De repente, uma imagem apenas. Sem assinatura, sem explicação. Nada. Apenas uma imagem totalmente diferente do que sempre está lá. Um novo suporte para arte. É o que vai acontecer, em janeiro, em alguns ônibus de Belém. Os anúncios publicitários serão substituídos por obras de arte, que saltaram das galerias e vão percorrer rotas diferentes coladas em 26 ônibus. Terá início, então, a 2ª edição do projeto Itinerários, onde 13 artistas visuais paraenses levarão arte ao centro e à periferia.
Pelo segundo ano consecutivo, o projeto de arte pública Itinerários vai rodar a cidade nos ônibus e chegar mais perto das pessoas. Este ano, cada artista terá dois ônibus como suporte para suas criações e, então, estes farão seus percursos habituais pela cidade, oferecendo arte de graça a toda população. Com a dimensão de público ampliada, o grupo acredita contribuir para uma descentralização artística. “A arte não se faz apenas com o público que freqüenta as galerias. Nós estamos nos doando a um grande público e tentando ser democráticos. Não nos limitarmos a um espaço amplia os sentidos de cada obra através dos vários olhares”, afirma a fotógrafa Bárbara Freire. Ao lado dela, estarão os artistas Cláudio Assunção, Roberta Carvalho, Danielle Fonseca, Daniely Meireles, Flávio Araújo, Glauce Santos, João Cirilo, Keyla Sobral, Neuton Chagas e Paulo Cezar Simão, além dos convidados Maria José Batista e Acácio Sobral.
A exposição nas ruas da cidade começa a percorrer seus itinerários no dia 10 de janeiro de 2007 e será um presente à Belém, que comemora 391 anos dois dias depois. Ao final, Itinerários vai contar com o lançamento de um DVD com encarte impresso, para documentar a interação do público com as obras, suas opiniões, além dos depoimentos dos artistas e da curadora, Marisa Mokarzhel. “É um projeto que aproxima as pessoas da arte seja pela curiosidade, indagação, prazer ou indignação ao ver a imagem. O cotidiano é interrompido por algo que não é usual e gera uma quebra nesse olhar”, afirma Marisa. “É uma proposta frutífera e muito importante tanto para a população quanto para os artistas entre eles, que discutem arte e a forma de trabalho coletiva e individual”, completa.
As criações adesivadas nos ônibus não levarão a assinatura dos artistas, legendas, nem qualquer explicação sobre o novo formato. A proposta não é divulgar os artistas envolvidos, mas disseminar a arte e permitir o questionamento livre do público, deixando a obra aberta às mais variadas interpretações. “Não carregamos no projeto o rigor de nos fazermos entender. Cada um vai absorver a idéia da obra como lhe convir. O estranhamento do observador ao encontrar uma obra onde nunca existiu, para nós, já é uma quebra muito significativa”, afirma Roberta Carvalho.
Em sua 2ª edição, patrocinada pelo Banco da Amazônia, Itinerários mostra sinais de amadurecimento e sedimentação. Na edição anterior foram desenvolvidas obras livres. Com a percepção da importante variedade de público, que vai desde o centro da cidade, passa pela periferia e chega a cidades vizinhas, a questão centro-periferia foi eleita como eixo temático para nortear as criações. Além disso, o salto de 12 ônibus – da primeira edição - para 26 ônibus, nesta, foi significativo. A proposta é ampliar e chegar a mais ônibus e mais artistas, estabelecendo um calendário de arte pública na cidade.
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