Tuesday, February 06, 2007

Dos Zés e das Santas no CCBEU

A Galeria de Artes do Centro Cultural Brasil Estados Unidos (CCBEU) abre, na próxima sexta-feira, dia 9, a exposição 'Dos Zés e das Santas', que presta uma homenagem ao marchand, artista plástico e advogado Gileno Chaves, falecido em dezembro do ano passado. Sócio-fundador do Museu de Arte Brasil Estados Unidos (Mabeu), Gileno presidiu a curadoria da instituição de 1998 a 2004 e foi grande incentivador das artes plásticas em Belém. Morreu aos 63 anos, vítima de um infarto.
Uma das idealizadoras da exposição é a presidente da curadoria do Mabeu, Yeda Potiguar, amiga pessoal de Gileno. 'Ele era uma grande pessoa. Foi patrono de muitos artistas ou, simplesmente, um conselheiro para eles. Sempre tinha um conselho válido para dar. Quem quisesse era só procurar por ele', explica Yeda.
Já o presidente do Conselho de Administração do CCBEU, Jorge Alex Athias, diz que definir Gileno apenas como um marchand ou colecionador não dá a exata dimensão do que ele realmente era. 'A exposição que o CCBEU realiza, homenageando o Gileno, procura mostrar um pouco de cada uma das diversas facetas da personalidade do homenageado: o Gileno artista, o Gileno curador, o colecionador, o agitador, o galerista, enfim... Um pouco de tudo. Evidente que ele é maior do que a moldura que arrumamos, mas é o melhor que pudemos fazer em agradecimento à figura extraordináriaque ele foi', observa.
Para compor a mostra foram convidados 23 amigos, cuja tarefa era prestar uma homenagem a Gileno, que também era dono da galeria Elf, local onde fez questão de estar sempre ao lado de amigos e artistas. 'É um equívoco tentar reduzir a Elf somente a uma galeria de arte. Pequena, de uma de desarrumação que só o Gileno entendia, desconfortável, pouco iluminada, mas, apesar de tudo, um espaço criativo, democrático, plural e inteligente, que reunia pessoas de personalidades, interesses e posições políticas e pessoais as mais díspares, e que só tinha a uni-las a figura enigmática do proprietário'.
Entre os artistas convidados para a mostra encontram-se Elieni Tenório, Jorge Eiró, Geraldo Teixeira, Marinaldo Santos, Maria José Batista, Jocatos, Haroldo Baleixe, Rosângela Britto e Paulo Santos. De São Paulo, foram convidados os artistas Cláudio Tozzi, Granato, Caciporé Torres e Décio Soncini. O nome da exposição é uma brincadeira com os apelidos carinhosos pelos quais o grupo de amigos de Gileno Chaves se tratava. Os homens eram os 'Zés', enquanto as mulheres eram as 'Santas'.
No dia do vernissage, haverá também o lançamento de um catálogo em que dez amigos relatam como era Gileno, através de textos poéticos ou de cartas a ele dirigidas. Deste rol, fazem parte Jorge Alex Nunes Athias, Jussara Derenji, Tito Barata, José Mário da Costa Silva, Pedro Bentes Pinheiro Filho, Mariza Mokarzel, Lutfala de Castro Bitar, Rosana Bitar, José Augusto Potiguar, Antônio José de Mattos Neto e Yeda Potiguar.
Lutfala Bitar, por exemplo, conta que conheceu Gileno Chaves na década de 70. O que mais chamou a atenção na personalidade do marchand foi a sua simplicidade. A amizade se estreitou quando, mais tarde, Lutfala passou a participar dos encontros na galeria Elf. 'Estou certo de que a sua presença ficará entre nós e entre tantos outros que o conheceram como o homem do necessário, simples, de poucas palavras, porém sempre pronto a auxiliar quando assim se fazia necessário, forte e determinado quando resolvia emitir suas opiniões', ressalta.
Desde cedo apreciador das artes, Gileno Chaves foi um dos primeiros a atuar especificamente na curadoria de artes plásticas em Belém, dando aval ao trabalho não sóde artistas consagrados, mas também dando oportunidade a novos talentos, que aos poucos se consolidaram no cenário artístico paraense.
Uma das paixões de Gileno era a Galeria Elf, cujo acervo é composto por obras de nomes conhecidos e outros nem tanto, uma das marcas do marchand apontado como descobridor de talentos.

Monday, January 29, 2007

Central Hotel em exposição




Um hotel dos anos 40, localizado no centro onde fervilha o cotidiano da cidade de Belém; o resplendor de sua história e a decadência do abandono nos tempos atuais. Este é o foco da exposição “1/4 do Central Hotel”, do fotógrafo Daniel Cruz, que continua em cartaz até o dia 31 de janeiro, na Galeria da Unama. O trabalho que será apresentado é resultado da Bolsa de Pesquisa, Experimentação e Criação Artista do IAP/2006.
Um dos últimos exemplares da arquitetura 'art déco' em Belém, o Central Hotel integra o conjunto de prédios que inauguraram o processo de verticalização urbana da cidade. O hotel ficou celebrizado por ter sido ponto de encontro da intelectualidade da época, que se reunia com freqüência em seu Café Central, tornando-o a referência da produção literária e artística da época. Na lista das personalidades que figuravam por lá, contribuindo para a efervescência cultural do lugar estão, entre muitos outros, Benedito Nunes, Max Martins, Mário Faustino, Ruy Barata, Haroldo Maranhão, Francisco Paulo Mendes.
Além disso, o hotel também hospedou celebridades como a escritora Clarice Lispector e o escritor Jean Paul-Sartre. Clarice morou por seis meses no Central e de lá manteve correspondências com outros amigos intelectuais. Foi também por volta desse período que o seu primeiro romance, 'Perto do Coração Selvagem', foi lançado e assim, repercutia nas rodas intelectuais em todo o Brasil. Se não bastassem as histórias do hotel, memorial imaterial inquestionável, a arquitetura singular do Central Hotel impressiona e requer para si o status de patrimônio histórico e cultural, por justa causa.
Foi inspirado pelas histórias e pela beleza do Central Hotel e inquieto pelo estado de decadência em que se transformou o lugar, que Daniel Cruz começou a fotografá-lo em meados do ano passado. Em janeiro de 2006 foi contemplado com a Bolsa de Criação e Experimentação Artística do IAP, através da qual aprofundou seu ensaio sobre o hotel, acompanhando toda a trajetória e fatos ocorridos durante o ano, sem prever, entretanto, que o Central Hotel viveria novas histórias, infelizmente desta vez, não tão glamurosas e alegres como em seus tempos de efervescência.
Em julho, o hotel foi interditado pelo Corpo de Bombeiros por falta de condições de segurança, até então, o lugar ainda recebia hóspedes e Daniel ainda pôde colher alguns relatos e histórias vivas sobre o cotidiano do lugar. Durante a interdição, um dos momentos mais emblemáticos do estado de decadência do hotel: toda a mobília original que ainda restava foi retirada às pressas pelos funcionários.
Atualmente, existe um projeto para transformar o espaço em uma grande loja de departamentos, a C&A, cujo projeto aprovado pelos órgãos competentes de patrimônio e urbanismo prevê reformas para o térreo e primeiro andar. Hoje o fotógrafo integra um movimento em defesa do Central Hotel e da preservação de suas características originais. A exposição '1/4 do Central Hotel' traz um pouco do universo deste último ano de funcionamento do hotel. As fotos imprimem em cor o silêncio, presente tanto no lugar quanto no sujeito e a solitude é denunciada pela ausência de personagens.
Além da exposição, Daniel realizou uma intervenção urbana, com o mesmo nome da exposição, no dia 9 de janeiro, na calçada em frente ao Teatro da Paz, onde reproduziu um quarto com mobílias originais do próprio Central Hotel.
Perfil - Esta é a primeira exposição individual do fotógrafo, que começou na Oficina Fotoativa em 2002. Em 2005 participou das exposições coletivas em comemoração ao 'Ano do Brasil na França' dentro do projeto 'Une Certaine Amazonie'. Esta mesma exposição integrou em formato de projeções a 5ª Bienal de Fotografia e Artes-Visuais de Liège na Bélgica em 2006. Recentemente, Daniel Cruz foi prêmio aquisição no Salão Arte Pará/2006.
Serviço - A exposição fotográfica '1/4 do Central Hotel' está na Galeria Graça Landeira, na Unama Alcindo Cacela.

Thursday, January 25, 2007

Arte ainda rodando a cidade



Hoje, 26 ônibus estão rodando a cidade levando na parte da traseira, onde normalmente se encontram propaganda, obras de arte. Trata-se da 2ª edição do Projeto Itinerários, que este ano conta com o patrocínio do Banco da Amazônia e curadoria de Marisa Mokarzhel. Confira o bate-papo com uma das artistas envolvidas, Roberta Carvalho.

JC - Por estarem em ônibus, estas obras vão percorrer tanto o centro quanto a periferia. De que forma você acha que as pessoas vão receber essa arte?
Roberta – Diferentemente do ano passado que foram obras livres, este ano criamos um eixo temático para a produção dessas obras que é justamente a questão centro-periferia. Este ano elegemos este tema para nortear nossa criação por percebemos que passa em diversos públicos. Os trabalhos foram desenvolvidos no sentido de que nossos itinerários e os itinerários dos ônibus perpassam por esses dois espaços. Na verdade, existe uma hibridização desses espaços. Não estão isolados.

JC – Tudo que vocês criaram passa no sentido de que tanto as pessoas do centro quanto as da periferia absorvam a idéia ou não é uma questão para, necessariamente, se fazer entender?
Roberta – Não temos o rigor de nos fazermos entender.

JC - As pessoas estranham. Acontece uma quebra na hora em que o observador percebe que aquilo não é uma propaganda, mas também não tem legenda. Como vocês recebem esse estranhamento?
Roberta – Para a gente, só o fato da pessoa se questionar “isso não é uma propaganda, que diabos é isso?”, já é um dos pontos do projeto. Agora nós entendemos a obra de arte como aberta, então esse entendimento varia de acordo com o indivíduo. No ano passado, nos aproximamos do público para observar como eles entendiam. No trabalho da Keyla (Sobral) um rapaz viu o mangue. O trabalho dela não tem nada a ver com isso, mas ele viu isso porque ele nasceu numa região de muitos maguezais. Não temos como fechar o entendimento, é aberto. Por mais que o artista tenha uma intenção com o trabalho dele, e se ele souber, ele deixa os caminhos para a interpretação, nem sempre é um acerto.

JC – Por que a opção de sair das galerias para ir às ruas?
Roberta – Numa galeria você tem algo em torno de 300 pessoas. Na rua isso cresce exponencialmente. Tínhamos também a intenção de montar um projeto de arte pública que em Belém ainda não se tinha visto.

JC – De que forma vocês acreditam estar contribuindo para a arte em Belém?
Roberta – Já estamos no segundo ano do projeto, é excelente. Ano passado era um ônibus para cada artista e neste já são dois. Pretendemos fazer isso se multiplicar até chegar a cem, duzentos ônibus, e fazer parte do calendário da cidade. Pensamos em transformar isso num “salão”, com inscrição e regulamento, para abrir mais a outras participações. No final desta edição faremos também o lançamento do DVD do Itinerários com os artistas e nossa curadora, Marisa (Mokarzhel), além de documentar a interação do público com o projeto.

Cariculturas de Biratan na Sol


Depois de ganhar o segundo lugar no 'Animaserra', pelo curta-metragem em animação 'Cadê o Verde que Estava Aqui?', o cartunista Biratan Porto abre a exposição 'Cariculturas - Traços da Nossa História'. Os desenhos estarão à disposição até março, na Galeria Arte-Sol, na Sol Informática.
São 18 personalidades da nossa história cultural em brilhantes caricaturas desenvolvidas pelo premiado cartunista. Entre elas, Benedicto Mello, Benedito Nunes, Líbero Luxardo, Max Martins, Mestre Cardoso, Rodrigues Pinagé, Ruy Barata, Ruy Meira, Mestre Verequete, Haroldo Maranhão, João Pinto, Wilson Fonseca, Vicente Salles, Waldemar Henrique, Bruno de Menezes, Dalcídio Jurandir, Eneida de Moraes e Gratuliano Bibas.
O autor - Biratan Porto, que na verdade é Ubiratan Nazareno Borges Porto, nasceu em Belém em 29 de outubro de 1950. Formado em Propaganda, pela Universidade Federal do Pará é cartunista profissional e bandolinista nas horas vagas.
O artista tem sete livros de humor editados e trabalhos publicados nos EUA, Itália, Bélgica e Holanda. Ele venceu importantes salões de humor no Brasil e exterior, além de conquistar o primeiro lugar no International CartoonFestival of Knokke-Heist, na Bélgica, em 2002.
O trabalho de Biratan pode ser conferido também na internet, em seu site: http://www.biratan.com.br/. Para televisão, Biratan criou três das vinhetas de animação que a Rede Globo exibe nos intervalos de seus programas.

Serviço
Traços da Nossa História'
Até março de 2007
Na Galeria Arte-Sol, na Sol Informática - Av. Doca de Souza Franco, 1122 - (mezanino do Café da Sol).

Tuesday, January 16, 2007

Sue Pavão e Pierre Verger em mostras fotográficas

(imagem do acervo de Pierre Verger)


As exposições 'Mangabelém' e 'Ver-te Belém, Verger-te bem' foram montadas pela Prefeitura de Belém, por meio da Fundação Cultural do Município de Belém (Fumbel) e o Museu de Arte de Belém (Mabe) no Espaço Municipal Olympia e no Mabe. As mostras são mais um presente oferecido aos belenenses por conta do aniversário da capital paraense. As mostras ficam abertas a visitação pública até fevereiro.
"Ver-te Belém, Verger-te bem" é instalada a partir de imagens registradas pelo fotógrafo francês Pierre Verger. A mostra, que abre no próximo dia 19, na sala Antonieta Feio do Mabe, expõe cenas de Belém e retrata o cotidiano da população. O povo, barcos, feiras e até esboços que tentam demonstrar ao público que aromas seriam os mais usuais na capital do Pará são alguns dos aspectos abordados nas imagens de Verger. O material que compõe a 'Ver-te bem, Verger-te Belém' é parte do acervo da exposição 'O Olhar Viajante de Pierre Fatumbi Verger' aberta ao público pelo Mabe em 2003. Na época, as imagens eram acompanhadas por exposição de livros, documentos e objetos pessoais do fotógrafo francês coletados durante sua passagem pela capital paraense.

"Mangabelém"', aberta a visitação pública até 19 de fevereiro, é a primeira exposição fotográfica da documentarista e curta-metragista Sue Pavão. O trabalho reúne 20 fotografias que mostram o cotidiano da cidade e já está exposto no hall de entrada do Espaço Municipal Olympia. O material começou a ser realizado desde 2005 e é parte de uma compilação de mais de 500 imagens registradas por Sue em vários cantos da capital paraense.

Os artistas - Pierre Verger nasceu em Paris em 1902. Em 1932 ele aprendeu a fotografar e atrelou isto a outra coisa que adorava fazer: viajar. Até 1946, Pierre realizou dezenas de viagens ao redor do mundo sempre utlizando a fotografia como meio de vida. Verger negociava suas fotos com jornais, agências e centros de pesquisa. Fotografou para empresas e até trocou seus serviços por transporte. Neste mesmo ano, Verger trocou o pós-guerra europeu pela natureza baiana. Buscando sempre os lugares mais simples ele encontrou os negros que foram sua grande fonte de inspiração. Foi com eles que aprendeu também sobre o candomblé, tornando-se, em seguida, estudioso sobre os orixás. Na África ele passou a integrar de fato o Candomblé. Foi quando em 1953 recebeu o nome de Fatumbi, 'nascido de novo graças ao Ifá'.
Convicto de sua vocação, Verger encontrou na história, costumes e religião praticada por iorubás e seus descendentes, na África Ocidental e na Bahia, os temas centrais de suas pesquisas e sua obra. Em seus últimos anos de vida, Verger lutou para disponibilizar as suas pesquisas a um número maior de pessoas e garantir a sobrevivência do seu acervo. Na década de 80, ele conseguiu lançar suas primeiras publicações no Brasil por meio da Editora Corrupio Em 1988, Verger criou a Fundação Pierre Verger (FPV). Em 1996, o fotógrafo francês faleceu. A partir de então a Fundação vem dando prosseguimento a seus projetos.

Sue Pavão é paraense e possui um acerco considerável de curtas-metragens, como Dias, Chama Verequete, A onda e Severa Romana - o último, vencedor do II Prêmio Estímulo da Prefeitura Municipal de Belém – FUMBEL.


Serviço:
"Mangabelem" - de Sue Pavão
No hall do Cine Olympia
Até 19 de fevereiro

"Ver Belém, Verger-te Belém" - de Pierre Verger
Na sala Antonieta Feio do Mabe
Abre dia 19 de janeiro

Mais informações: 3283 4687.

Thursday, January 11, 2007

Arte em Sucata


O que ia pro lixo vira matéria-prima nãs mãos de Guilherme Pontes. Reutilizando material de sucata, o artista utilizou variadas técnicas para construir 25 obras que estarão em exposição no Espaço Cultural do Aeroporto Internacional de Belém de 15 de janeiro a 15 de fevereiro.

Exposição "Belém Olha Belém"




A cidade está movimentada de comemorações pelo seu aniversário de 391 anos. No campo das artes, mais novidades. O Espaço de Artesanato Bazar BR convidou três artistas plásticos – Paulo Guimarães, Edmundo d'Oliveira e Eron Teixeira - para retratarem a cidade. As obras agora integram a exposição "Belém olha Belém" - que fica até 31 de março, com entrada franca.
Estão na mostra 40 obras em aquarela e pontas-secas (técnica com tinta nanquim sobre papel-cartão - foto acima) dos artistas principais e duas de convidados especiais: Morbach e J.Pinto - com obras que retrataram o Ver-O-Peso e a igreja das Mercês, respectivamente. A curadoria ficou ao encargo de Jane Felipe Beltrão.

A temática da exposição é uma só: a cidade de Belém. A partir dela, os artistas traçaram recortes do cotidiano da população, tanto do centro como da periferia, seus edifícios históricos e sua cultura - como o tacacá. Como suporte das imagens, foram utilizadas varas de miriti - madeira regional e clara, trazendo leveza à estética como um todo.

"Belém olha Belém" é a segunda exposição com que o Bazar BR homenageia Belém. Em 2006, a homenagem foi na forma de uma revoada de pássaros em miriti – reproduções de exemplares de espécies que habitavam a área metropolitana no passado.
Para os que se orgulham de Belém, essa é uma oportunidade singular para para apreciar a cidade a partir dos olhos de artistas locais e comemorar quase quatro séculos de existência.
O Bazar BR também celebra a literatura. Para estimular a circulação de obras de ficção das literaturas brasileira e estrangeira, o Bazar criou o sistema 'Traga um, leve um'. Trata-se da justa troca de obras de ficção, onde o visitante ao verificar um livro de seu agrado na estanteria do espaço cultural, o troca por outro de sua propriedade. Vale a pena!


Serviço

Belém Olha Belém
No Espaço de Artesanato, Bazar BR (Trav. Benjamin Constant, 1122, ljs. 3 e 4, entre Nazaré e Gov. José Malcher)
De segunda a sábado
De 10h às 13h e de 15h às 19h.
Entrada franca.
Informações: 32302444 e 81569970.

Tuesday, January 09, 2007

Itinerários - Arte passeia pela cidade




Trânsito lento, sinal vermelho ou engarrafamento. Impossível não olhar a traseira dos ônibus e observar a propaganda ocupando metade ou até mesmo toda a lataria e vidros do veículo. De repente, uma imagem apenas. Sem assinatura, sem explicação. Nada. Apenas uma imagem totalmente diferente do que sempre está lá. Um novo suporte para arte. É o que vai acontecer, em janeiro, em alguns ônibus de Belém. Os anúncios publicitários serão substituídos por obras de arte, que saltaram das galerias e vão percorrer rotas diferentes coladas em 26 ônibus. Terá início, então, a 2ª edição do projeto Itinerários, onde 13 artistas visuais paraenses levarão arte ao centro e à periferia.
Pelo segundo ano consecutivo, o projeto de arte pública Itinerários vai rodar a cidade nos ônibus e chegar mais perto das pessoas. Este ano, cada artista terá dois ônibus como suporte para suas criações e, então, estes farão seus percursos habituais pela cidade, oferecendo arte de graça a toda população. Com a dimensão de público ampliada, o grupo acredita contribuir para uma descentralização artística. “A arte não se faz apenas com o público que freqüenta as galerias. Nós estamos nos doando a um grande público e tentando ser democráticos. Não nos limitarmos a um espaço amplia os sentidos de cada obra através dos vários olhares”, afirma a fotógrafa Bárbara Freire. Ao lado dela, estarão os artistas Cláudio Assunção, Roberta Carvalho, Danielle Fonseca, Daniely Meireles, Flávio Araújo, Glauce Santos, João Cirilo, Keyla Sobral, Neuton Chagas e Paulo Cezar Simão, além dos convidados Maria José Batista e Acácio Sobral.
A exposição nas ruas da cidade começa a percorrer seus itinerários no dia 10 de janeiro de 2007 e será um presente à Belém, que comemora 391 anos dois dias depois. Ao final, Itinerários vai contar com o lançamento de um DVD com encarte impresso, para documentar a interação do público com as obras, suas opiniões, além dos depoimentos dos artistas e da curadora, Marisa Mokarzhel. “É um projeto que aproxima as pessoas da arte seja pela curiosidade, indagação, prazer ou indignação ao ver a imagem. O cotidiano é interrompido por algo que não é usual e gera uma quebra nesse olhar”, afirma Marisa. “É uma proposta frutífera e muito importante tanto para a população quanto para os artistas entre eles, que discutem arte e a forma de trabalho coletiva e individual”, completa.
As criações adesivadas nos ônibus não levarão a assinatura dos artistas, legendas, nem qualquer explicação sobre o novo formato. A proposta não é divulgar os artistas envolvidos, mas disseminar a arte e permitir o questionamento livre do público, deixando a obra aberta às mais variadas interpretações. “Não carregamos no projeto o rigor de nos fazermos entender. Cada um vai absorver a idéia da obra como lhe convir. O estranhamento do observador ao encontrar uma obra onde nunca existiu, para nós, já é uma quebra muito significativa”, afirma Roberta Carvalho.
Em sua 2ª edição, patrocinada pelo Banco da Amazônia, Itinerários mostra sinais de amadurecimento e sedimentação. Na edição anterior foram desenvolvidas obras livres. Com a percepção da importante variedade de público, que vai desde o centro da cidade, passa pela periferia e chega a cidades vizinhas, a questão centro-periferia foi eleita como eixo temático para nortear as criações. Além disso, o salto de 12 ônibus – da primeira edição - para 26 ônibus, nesta, foi significativo. A proposta é ampliar e chegar a mais ônibus e mais artistas, estabelecendo um calendário de arte pública na cidade.




Entre a Fé e a Febre: Retratos


Depois de passar pelo Teatro Nacional de Brasília e pelo Museu de Arte Contemporânea de Santiago do Chile, acontece em Belém a exposição "Entre a Fé e a Febre: Retratos", do paraense Guy Veloso. A mostra está no Museu de Arte Sacra desde 6 de dezembro e fica até dia 14 de janeiro.
Seitas, romarias e demais manifestações religiosas pelo país estão expresas na montagem, que ainda viajará para a Galeria Leica de Solms, na Alemanha. "As imagens surpreendem pelo non sense, pelo surreal, pela dissonância entre o mundo real e o outro mundo", afirma o curador, Rubens Fernandes Jr. "A arte de Guy Veloso está em retransmitir sinais febris de uma horda encantada com a fé. É um documento de sua alma fabril, incansável humanista em nos brindar nessa itinerância militante que a ‘fé não costuma faiá’", diz o mestre Walter Firmo.

Guy faz parte da safra jovem de fotógrafos de Belém - cidade considerada um dos pólos desta arte no Brasil. Ano passado, integrou o livro "História Visual – Fotografia no Brasil – Um Olhar das Origens ao Contemporâneo", de Angela Magalhães e Nadja Peregrino.
"Entre a Fé e a Febre" trata-se de um estudo artístico e antropológico. Uma verdadeira "arqueologia de imagens" de um país esquecido.
Apoio cultural: Emissoras Cultura, Aché Signs Serigráficos, Arcapress Agency, ACAM - Associação Cultural da Amazônia, Fotoativa e Fatinha Produções.

Serviço:
"Entre a Fé e a Febre: Retratos"
De 06 de dezembro a 14 de janeiro
No Museu de Arte Sacra.