Dos Zés e das Santas no CCBEU
A Galeria de Artes do Centro Cultural Brasil Estados Unidos (CCBEU) abre, na próxima sexta-feira, dia 9, a exposição 'Dos Zés e das Santas', que presta uma homenagem ao marchand, artista plástico e advogado Gileno Chaves, falecido em dezembro do ano passado. Sócio-fundador do Museu de Arte Brasil Estados Unidos (Mabeu), Gileno presidiu a curadoria da instituição de 1998 a 2004 e foi grande incentivador das artes plásticas em Belém. Morreu aos 63 anos, vítima de um infarto.
Uma das idealizadoras da exposição é a presidente da curadoria do Mabeu, Yeda Potiguar, amiga pessoal de Gileno. 'Ele era uma grande pessoa. Foi patrono de muitos artistas ou, simplesmente, um conselheiro para eles. Sempre tinha um conselho válido para dar. Quem quisesse era só procurar por ele', explica Yeda.
Já o presidente do Conselho de Administração do CCBEU, Jorge Alex Athias, diz que definir Gileno apenas como um marchand ou colecionador não dá a exata dimensão do que ele realmente era. 'A exposição que o CCBEU realiza, homenageando o Gileno, procura mostrar um pouco de cada uma das diversas facetas da personalidade do homenageado: o Gileno artista, o Gileno curador, o colecionador, o agitador, o galerista, enfim... Um pouco de tudo. Evidente que ele é maior do que a moldura que arrumamos, mas é o melhor que pudemos fazer em agradecimento à figura extraordináriaque ele foi', observa.
Para compor a mostra foram convidados 23 amigos, cuja tarefa era prestar uma homenagem a Gileno, que também era dono da galeria Elf, local onde fez questão de estar sempre ao lado de amigos e artistas. 'É um equívoco tentar reduzir a Elf somente a uma galeria de arte. Pequena, de uma de desarrumação que só o Gileno entendia, desconfortável, pouco iluminada, mas, apesar de tudo, um espaço criativo, democrático, plural e inteligente, que reunia pessoas de personalidades, interesses e posições políticas e pessoais as mais díspares, e que só tinha a uni-las a figura enigmática do proprietário'.
Entre os artistas convidados para a mostra encontram-se Elieni Tenório, Jorge Eiró, Geraldo Teixeira, Marinaldo Santos, Maria José Batista, Jocatos, Haroldo Baleixe, Rosângela Britto e Paulo Santos. De São Paulo, foram convidados os artistas Cláudio Tozzi, Granato, Caciporé Torres e Décio Soncini. O nome da exposição é uma brincadeira com os apelidos carinhosos pelos quais o grupo de amigos de Gileno Chaves se tratava. Os homens eram os 'Zés', enquanto as mulheres eram as 'Santas'.
No dia do vernissage, haverá também o lançamento de um catálogo em que dez amigos relatam como era Gileno, através de textos poéticos ou de cartas a ele dirigidas. Deste rol, fazem parte Jorge Alex Nunes Athias, Jussara Derenji, Tito Barata, José Mário da Costa Silva, Pedro Bentes Pinheiro Filho, Mariza Mokarzel, Lutfala de Castro Bitar, Rosana Bitar, José Augusto Potiguar, Antônio José de Mattos Neto e Yeda Potiguar.
Lutfala Bitar, por exemplo, conta que conheceu Gileno Chaves na década de 70. O que mais chamou a atenção na personalidade do marchand foi a sua simplicidade. A amizade se estreitou quando, mais tarde, Lutfala passou a participar dos encontros na galeria Elf. 'Estou certo de que a sua presença ficará entre nós e entre tantos outros que o conheceram como o homem do necessário, simples, de poucas palavras, porém sempre pronto a auxiliar quando assim se fazia necessário, forte e determinado quando resolvia emitir suas opiniões', ressalta.
Desde cedo apreciador das artes, Gileno Chaves foi um dos primeiros a atuar especificamente na curadoria de artes plásticas em Belém, dando aval ao trabalho não sóde artistas consagrados, mas também dando oportunidade a novos talentos, que aos poucos se consolidaram no cenário artístico paraense.
Uma das paixões de Gileno era a Galeria Elf, cujo acervo é composto por obras de nomes conhecidos e outros nem tanto, uma das marcas do marchand apontado como descobridor de talentos.